quarta-feira, 1 de abril de 2015

sábado, 24 de janeiro de 2015

sobre estar em todos os lugares, ou nenhum.

Vim aqui só fazer um comunicado. Sei lá se tem alguma alma penada que ainda vem me dar o ar de sua graça e ler minhas patifarias sem graça... Eu falei aqui já que queria voltar a escrever, e to voltando aos poucos, seja aqui, seja no caderninho que o namorado me deu faz mais de um ano e só há umas semanas eu tive coragem de estrear. A verdade é que em algum momento da minha vida adulta eu me perdi de mim e com isso foram meus hábitos de leitura, meu jeito de escrever os textos e até mesmo um pouco de mim mesma. E até eu me reencontrar eu vou ficar um pouco aqui, um pouco ali... Um pouco acolá. Então se você, leitor fantasma, ainda exisitir e passar por aqui e ainda ver esse mesmo post, você talvez me encontre num desses outros links.

https://alessandracsrocha.wordpress.com/

http://idontsharementos.blogspot.com.br/

Ou talvez eu volte aqui mais cedo do que eu imagino, a verdade é que eu não me encontrei em lugar nenhum ainda - ciberneticamente falando pelo menos - então eu sou nômade e quem quiser que siga minha migalhas de pão.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

[Lista] 5 Filmes com robôs adoráveis para assistir e se apaixonar

Deus sabe que eu nunca fui muito de fazer listas, ou qualquer outra coisa, aqui no blog que não fosse falar das minhas alegrias, minhas decepções, ou coisas relacionadas ao meu emocional ou experiência de vida. Mas essa semana eu fui ver Big Hero 6 (ou: Operação Big Hero, como consta nos cinemas) com o namorado e depois de esvaziar todo meu duto lacrimal com o filme - e o curta animado antes dele -, me apaixonar pelo filme e pelo robô protagonista, eu estava em casa hoje mofando na frente da TV (coisas que só o desemprego pode proporcionar) quando parei pra ver um filme com um robô igualmente adorável... De onde eu tirei a idéia pra essa lista. Entre animações e filmes com pessoas de verdade (e muito CG), eu elegi cinco filmes com robôs fofinhos e engraçados para assistir e se apaixonar.

5. Robôs 
(2005, 20th Century Fox/Blue Sky Studios)

O nome por si só já entrega toda a proposta da lista e do filme. Robôs é uma animação de comédia que conta a história de Rodney, um robô de uma família humilde de uma pequena cidade no interior, que sempre sofreu com peças de segunda mão - que na maioria das vezes nem eram pro modelo dele - e resolve perseguir se sonho de trabalhar com o Grande Soldador, um inventor da cidade grande. Apenas para descobrir que a empresa de seu ídolo foi tomada por um robô de última geração que quer mandar todos os robôs "ultrapassados" como ele para o lixão. Rodney se junta com seus novos amigos para se opor à "ditadura" dos modelos novos e se mete em muita encrenca e, pior ainda, no balacobaco.


4. Gigante de Ferro
(1999, Warner Bros.Animation)

Essa animação 2D se passa nos Estados Unidos, no pico da Guerra Fria, quando um garotinho de mãe viúva encontra um gigante robô de ferro - que mais tarde ele descobre ter vindo de outro planeta - e acaba fazendo amizade com a criatura, lutando para defende-lo contra os militares que tentam a todo custo destruí-lo e ainda por cima provar que o "pequeno gigante" tem um bom coração e não quer o mal nem a destruição de nada ou ninguém. Pode ser doidera minha, mas o que eu mais gosto nesse filme é o tapinha na cara que ele dá na sociedade com essa mania de destruir tudo o que não conhece por medo de ser maior, melhor e mais perigoso para a gente do que vice-versa.


3. Gigantes de Aço
(2011, Dreamworks)

Gigantes de Aço foi, juntamente com Big Hero 6, o motivo dessa lista. porque não tem como não se apaixonar por Atom: um robô pequeno projetado apenas para treinar robôs maiores e mais fortes que ele quando a luta entre os "gigantes de aço" começou. Passando num cenário futurista, conta a história de Charlie Kenton, um ex-boxeador frustrado, decide ajudar seu filho a desenterrar o pequeno Atom e transformá-lo num lutador de boxe - uma vez que o esporte foi dominado por máquinas cada vez mais tecnológicas -, Atom se prova muito mais do que um simples robô de treinamento ultrapassado e é também uma ponte para que Charlie e seu filho se aproximem e desenvolvam sua relação de pai e filho.


2. Wall-E
(2008, Pixar)

Waaaaaaall-E. Muita gente já assistiu, se apaixonou e se emocionou com o pequeno robô "lixeiro" que foi deixado na Terra para limpar todo o lixo e a bagunça que nós humanos fizemos com nosso planeta, e cuja vida mudou depois que Eva a robô top de linha desceu à terrinha para procurar qualquer sinal de que era seguro para a humanidade voltar a viver no planeta. A interação desses dois robôzinhos deixa qualquer um com coração derretido e gente... Mesmo sem saber articular uma frase, não é fofa a voz robótica do Wall-E?


1. Big Hero 6
(2014, Walt Disney)

Sinopse: "Hiro Hamada é um gênio da robótica, que aprende a utilizar sua genialidade graças a seu brilhante irmão Tadashi. Depois de estranhos acontecimentos que atingem a cidade de San Fransokyo, Hiro se une aos seus melhores amigos: o robô Baymax, a veloz GoGo Tomago, o obcecado por organização Wasabi, a especialista em química Honey Lemon e o fã de quadrinhos Fred. Determinados a solucionar o mistério e com ajuda da tecnologia eles iniciam os treinamentos para se tornarem os novos heróis da cidade. Inspirado na série de quadrinhos da Marvel" (fonte: Wikipedia)

Baymax é um "agente pessoal de saúde" criado para cuidar de todas as pessoas na cidade fictícia de San Fransokyo (o mix cultural de San Fransico com Tokyo), que vira um super herói quando fica sob a tutela do protagonista Hiro Hamada. Eu não posso falar do filme sem dar spoilers que arruinariam tudo, mas fica aí a dica! Se a parceria entre a Disney e a Marvel seguir os padrões de Big Hero 6, então essa provavelmente terá sido a melhor idéia do século!

(Na escala de 1 a 10, qual é o nível da sua dor?)




terça-feira, 6 de janeiro de 2015

de sonhos, expectativas e saudade

Will you let me romanticize
The beauty in our London skies
You know the sunlight always shines
Behind the clouds of London skies

Tem três anos desde que fui pra Londres.
Para quem não sabe, Londres é o meu lugar preferido na terra desde que eu me entendo por gente. Eu nunca soube explicar direito o porque: se foi por causa de Harry Potter, se era o sotaque, se era o clima sempre tão nublado e chuvoso (nunca me dei bem com o verão e suas altas temperaturas), eu só sabia que amava aquele lugar como se tivesse nascido ali, e sabia que cedo ou tarde eu teria que colocar meus pézinhos na terra de tantos reis e rainhas.  Eu só não imaginava que seria tão cedo.

Para quem também não sabe, quando eu tinha 18 anos eu embarquei numa viagem de oito meses para a Dublin, a capital irlandesa, para estudar inglês, tentar arranjar um trabalho e com alguma sorte viajar um pouco pela Europa. Bom, eu estudei, eu fiz um bico aqui e ali, mas esperar maturidade e responsabilidade de uma pirralha de 18 anos que até então nunca tinha trabalhado, que dependia dos pais e só estava ali porque esses mesmos pais são maravilhosos e realizaram esse sonho/desejo é um pouco demais. Em resumo minha vida em Dublin foi um tapa na cara gigantesco, onde eu provei que não era nada além de uma garotinha mimada, e eu me estrepei lindamente durante todos os oitos meses... Olhando pra trás criticamente, não sei se faria tudo exatamente igual  - até porque eu fiz merda pra caramba -, mas se tem uma coisa que eu não mudaria nada seria meu final de semana em Londres.


Eu estava em Dublin há seis meses, já tinha acabado meu curso e estava sem um puto no bolso, querendo ir pra casa mais do que nunca... Só que tinha uma coisa me impedindo: meus housemates. Que me proibiram ir embora antes do Saint Patricks Day - o santo padroeiro da Irlanda - falei com meus pais e eles maravilhosos não só me mandaram dinheiro pra mudar a passagem, mas também o suficiente para um único final de semana no único lugar do mundo que eu não me perdoaria de não conhecer enquanto estivesse na zoropa. Então com o hostel reservado, a passagem comprada e o dinheiro contado eu fui, no dia 06 de Janeiro de 2012 às 6 e tantas ta manhã eu embarquei num vôo da Ryanair com nada além de uma mala de mão e fui. E olha.. Eu não sei vocês, mas mesmo com medo, mesmo pensando nas coisas que poderiam dar errado e mesmo com toda a expectativa eu sabia que Londres não ia me decepcionar, eu sabia tanto que comecei a chorar no minuto que o piloto do avião anunciou que logo iríamos aterrizar. E não me decepcionou, mesmo estando sozinha, mesmo dando voltas e voltas no mesmo lugar, mesmo estando perdida e com vergonha demais de pedir informações eu desbravei aquela cidade e eu me maravilhei com aquela cidade e eu descobri ali milhares de quilômetros longe de casa, do outro lado do oceano o meu lugar na terra. Pelo menos um deles.


E tudo isso porque o Timehop me lembrou que hoje, três anos se passaram desde essa viagem, desde essas fotos, só o que não passou foi a saudade e o sentimento incrível e inesquecível que eu senti quando estive ali.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

e agora José?


Alô, alô marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano ta na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society


Comecemos o ultimo post do ano com Elis porque sim. E não adianta, mesmo que eu tenha ficado ausente o ano inteiro, o último post do ano sempre vai acabar sendo uma retrospectiva, um balanço, um desabafo ou qualquer outra coisa que resuma toda nossa experiência enquanto seres humanos nos últimos 365 dias.

2014 pra mim foi um ano peculiar. Foi o ano de terminar a faculdade, de me manter num emprego por mais de três meses, de experimentar a dor e a delícia de ser o que sou. Não foi fácil meus amigos, não foi nem um pouco fácil...  Porque acreditem ou não eu vou cair (DE NOVO) no tema sobre o qual eu venho discorrendo durante ANOS sempre com a mesma conclusão, que é: crescer não é fácil. Nenhum pouco. Nem de brincadeira. Nem um pouquinho mesmo. E eu digo isso porque eu cresci mais em 2014 do que eu acho que cresci em qualquer outro ano, porque foi nesse ano que eu coloquei um pézinho quase inteiro na vida adulta, eu tinha um emprego, eu tinha uma rotina, eu tinha responsabilidades, eu tinha contas para pagar e bizarramente ou não eu me descobri bem mais responsável do que eu achava que era, porém admito também me descobri muito mais preguiçosa do que eu sabia que era.

 Esse ano também foi o ano de levar porradas metafóricas, principalmente do meu lado emocional que eu não vou nem me aprofundar, mas só pra vocês terem uma idéia: eu era (e admito, ainda sou um pouquinho) a pessoa mais medrosa, insegura e neurótica do mundo quando gosto de alguém, e ano passado eu não encontrei só alguém que eu "gosto", eu encontrei alguém que puta que pariu me fez sentir todo o espectro de emoções que eu já conhecia de cabo a rabo e me mostrou algumas outras sensações muito boas. Foi alguém por quem eu chorei, chorei muito, muito mesmo, e chorei que nem criança de soluçar e balbuciar palavras sem sentido, de encharcar a camiseta dele e me agarrar a cada pedacinho do ser humano maravilhoso que é meu namorado, alguém que não só ouviu todas as minhas neuras, meus medos, as merdas que eu fiz. Alguém que me abraçou e não saiu do meu lado até eu estar melhor, até eu estar "curada", até eu entender que o que eu sentia por ele, ele sentia por mim. Foi alguém que foi incomensuravelmente necessário e importante no meu 2014, foi uma das pessoas que mais me ajudou a crescer fosse sendo fofo ou me dando uns sacodes (de novo, metafóricos) pra ver se eu acordava e começava a acreditar um pouquinho mais em mim. Então se esse post, de alguma forma, se tornar uma retrospectiva/balanço, vocês podem acreditar que a melhor coisa que já me aconteceu nesse ano, nessa vida se chama Adriano, e não tem viagem, não tem computador, roupa, câmera e sapato novo que supere a felicidade que aquele guri me dá, não tem.

Agora fazendo uma auto-crítica ferrenha eu fui muito besta em 2014, porque eu tinha um objetivo, apenas um! Que era aproveitar o emprego novo pra guardar dinheiro e eu não consegui, a merda de ter dinheiro é essa, você sempre vai gastar, sempre. E eu sou uma pessoa que gosta de gastar dinheiro, fazer o que. E pra ser bem sincera também, não posso mentir dizendo que me senti mal, porque na verdade não me senti, mas é necessário dizer que eu fui uma péssima amiga, em praticamente todos os sentidos possíveis, Porque eu tomei decisões e fiz escolhas que não incluíam as pessoas que foram a razão do meu 2013 ter sido tão bom e nem me toquei de que talvez isso pudesse magoá-las ou não, eu me excluí e excluí todo o resto sem nem pensar duas vezes. Me fechei dentro do que era confortável pra mim e acho que isso ninguém deveria fazer, mas tudo bem, ficou aí de lição pra mim. Fui uma idiota, dei patadas em quem não merecia, mas eu aprendi. Eu juro que aprendi! Aprendi que viver pro trabalho não é viver, e que mesmo não gostando de brigar, às vezes brigar é exatamente o que a gente precisa pra ser alguém melhor, pra subir na vida, aprendi que eu sou muito mais do que eu enxergava no espelho e aprendi a não ter tanto medo de ser boca dura às vezes, quando é necessário.

Em resumo, 2014 pra mim foi um ano bizarro. Para o mundo foi bombástico, para mim não houveram grandes acontecimentos, mas foi um ano bem intenso e como foi! Foi tão intenso e bizarro que fica até difícil de explicar. E pra 2015? Olha eu já desisti dessas resoluções de ano novo faz tempo, mas faz parte de ser um ser humano nesse planeta fazer uma auto-avaliação e sempre destacar um ponto ou outro pra gente evoluir (baby steps né?) Eu graças a Deus não preciso de muita coisa, ou muito dinheiro, ou muitas pessoas ao meu redor. Mas um emprego novo, além de necessário é uma querência grande minha, que eu aprenda de verdade a guardar um pouco de dinheiro, que eu volte a ter contato com as pessoas que são queridas para mim e que por algum motivo já não esteja mais tão próxima, manter meu namoro que tá me fazendo um bem danado e oras, quem sabe até ficar um pouquinho mais saudável? Mas nada de no pain, no gain... Pra isso daí eu não tenho vocação.

Pra você que me acompanhou até aqui meu muito obrigada, pra quem me visita de vez em nunca meu convite pra voltar mais vezes - vou me esforçar pra voltar a escrever mais também - e pra todo mundo uma boa virada, que 2015 venha mais leve e colorido para todos nós!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

e fim.

Vim aqui compartilhar com vocês que finalmente deletei o Desconexa Sensação, depois de um ano e meio desativado, 211 posts e uma caralhada (desculpa) de acessos, eu deletei. E não doeu, não me senti mal nem traindo minhas versões anteriores. Só deletei.

Deletei porque esses dias eu peguei aquele blog pra ler desde as primeiras postagens, desde as primeiras crises, desde as primeiras decepções amorosas, desde o primeiro emprego, o primeiro salário e tantas primeiras coisas que eu já nem lembro mais. Deletei porque muita coisa que eu escrevi ali pra mim já não vale mais, deletei porque toda a dor que eu senti já não existe mais - graças a Deus -, nem o amor que eu achei que senti. Deletei todas essas coisas "ruins", porém necessárias e acabei deletando junto as coisas boas, os memes da máfia, os relatos do primeiro encontrão, alguns dos meus melhores contos e crônicas (mesmo eu sendo muito mais uma criança na época e nem sabendo escrever direito), meus sonhos, meus medos. Puff. Viraram pózinho virtual. Desapeguei. Assim como enquanto eu escrevo isso pensei seriamente em deletar esse endereço e começar tudo de novo, é loucura né? Mas pensei e to pensando mesmo, de verdade. Porque a graça da vida é a gente mudar, é a gente ser essa metamorfose ambulante e as vezes por mais que a gente mude tem coisas que não mudam com a gente, porque a gente sempre deixa um pouquinho da gente nos lugares, nas coisas e as vezes quando a gente muda não dá pra mudar o pouquinho que a gente já deixou por um pouquinho novo. Ou será que dá? Felizmente ou não eu sempre fui muito inconstante, sempre mudando (ou fugindo) quando não me identifico mais com alguma coisa ou com alguém, pra mim é muito fácil mudar, abandonar alguma coisa e começar outra do zero. É mais fácil, mais prático e ainda assim nem sempre é certo.

Fazendo uma analogia meio capenga, tem um filme da Hilary Duff que eu amo de paixão chamado The Perfect Man (ou Paixão de Aluguel traduzido), no qual nossa diva teen vive uma adolescente cuja mãe solteira vive procurando um homem perfeito e a cada decepção elas mudam de cidade, de estado, de vida... Cansada das mudanças Holy (personagem da Hilary Duff) cria um namorado virtual para mãe, até que ela própria sofre uma "decepção" amorosa e ela que quer se mudar. Acho que em partes eu sou a mãe da Holy, sempre à procura de alguma coisa nova e quando me "decepciono" (por falta de palavra melhor) eu mudo. Fiz isso com meu ex, cansei de fazer isso com as minhas amizades... Tai uma resolução pra 2015, insistir mais em tudo. Começando aqui pelo blog, porque uma hora a gente também cansa de começar tudo de novo.

domingo, 14 de dezembro de 2014

きれいな魂

Hoje eu resolvi começar a famosa faxina de fim de ano. Na verdade eu não resolvi nada, foi mais um impulso do que qualquer outra coisa... 

Principalmente porque eu voltei mais cedo da casa do meu namorado e estava sem ter o que fazer, me deu vontade de desenhar e pintar, mas cadê minhas aquarelas? Procura daqui, procura dali. Mexe naquela gaveta absolutamente lotada de coisas que você largou lá o ano todo, e fecha a gaveta e a bendita gaveta não fecha. Você muda uma coisinha ou outra de lugar, mas ela não fecha do jeitinho que você gosta. Não aguentei, me deu um "cinco minutos" e comecei a tirar tudo de lá, vendo o que era realmente importante para guardar e o que já tinha perdido a importância faz tempo, mas que continuava lá puramente por preguiça minha. Tirei tudo. E coisa por coisa eu viajei no passado, não só nos últimos 348 (sim, 348, porque ainda faltam 17 dias pro ano acabar) dias do ano, mas de até dois anos antes desse. Somente mexendo no conteúdo de duas gavetas eu revi shows e espetáculos teatrais, revisitei Curitba, revivi meus dias na Irlanda (com direito a cartinha de pessoas queridas), tive uma noção do estrago financeiro que eu fiz comigo mesma esse ano e ainda joguei muita coisa fora. Tipo boletos de mensalidade da faculdade, do cartão de crédito, do outro cartão de crédito, comprovantezinhos de compras, de bater o ponto, de lanchonetes, café, McDonalds, Subway e mais uma porrada de coisa.

Esse foi o dia e o ano que eu finalmente tive coragem de jogar fora meu mapa de Dublin, que eu guardei com carinho assim que cheguei em casa dois anosa atrás, mas guardei os cartões de despedida. E olha, não sei vocês, mas pra mim essas faxinas tem um cunho muito mais emocional e espiritual do que material, e olha que eu tô sempre reclamando que não tem espaço pra isso, nem pra aquilo, que não tenho roupas pra nada e etc. Mas tem alguma coisa nessa faxina, nesse desapego que a gente pratica com pequenas partes de nós que me deixa pensativa, e todo esse pensar muitas vezes me deixava triste ou melancólica, mas hoje ele só me deixou um sorriso bobo no rosto, de lembrar de todas as coisas que eu vivi e ser grata por elas, mas também de aceitar que elas já passaram e é hora de abrir espaço para novas lembranças. Se eu sinto saudade dos lugares em que estive e das pessoas que conheci? Claro, como não? Se eu sinto saudade de reviver tudo isso do mesmo jeitinho que eu vivi da primeira vez? Hm.. Não, obrigada. Mesmo não sendo lá uma pessoa muito religiosa eu acredito que Deus escreve certo por linhas tortas, e que tudo tem uma hora certa pra acontecer. Os rolês e os interesses que ontem me tiravam de casa hoje são mais uma fonte de preguiça e de me afundar no sofá vendo filme. E por mais que a vontade de viajar não passe nunca - êta viciozinho ingrato viu? -, a gente acaba criando consciência de que às vezes é melhor segurar o porto, deixar a casa ajeitada de verdade pra depois sonhar em entrar num avião e ir pra qualquer lugar.

Como sempre, mesmo jogando uma "pá" de coisas fora, acabei mantendo tantas outras, lembranças de momentos, do carinho, da amizade, dos momentos... Afinal só porque o passado é passado não quer dizer que ele deva ser jogado no lixo assim, sem mais nem menos, algumas lembranças são queridas demais pra gente se desfazer delas, as coisas levam tempo, principalmente o desapego. Acho que a chave mesmo é só saber o tempo de abrir espaço pras coisas novas. 2014 ainda tem uns diazinhos agarrado comigo, não sei se vai ser um ano que mereça uma retrospectiva, mas vai merecer respeito pelo amadurecimento que - pelo menos eu - ele proporcionou.

OBS: pra quem se assustou com o título da postagem, é a tradução em japonês para "clean soul", ou alma limpa. Embora eu esteja tentando voltar a estudar esse língua maravilhosa, o título ainda foi fornecido pelo Google Translator (-rs)